segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Aquecimento ameaça agricultura no Sertão.

Chuvas escassas, altas temperaturas e solo cada vez mais árido ameaçam plantações  / Alexandre Gondim/JC Imagem
Já imaginou uma festa de São João sem pamonha, canjica e outras guloseimas derivadas do milho? Pois é o que pode acontecer daqui a algumas décadas se a temperatura no semiárido nordestino mantiver a tendência de aumento que vem registrando nos últimos 50 anos. Essa é uma das projeções mostradas pela tese de doutorado em tecnologia ambiental e recursos hídricos que a meteorologista Francis Lacerda apresenta este mês no Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A pesquisa da servidora do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), feita com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), avaliou se alterações climáticas estão ocorrendo no Estado, onde e suas repercussões, especialmente na agricultura. “O cenário que se descortina para Pernambuco é sombrio”, avisa. “Se continuarmos com esse modelo de desenvolvimento, baseado na monocultura e no desmatamento, produtos como o milho e o feijão podem desaparecer nos próximos 50 anos por estresse hídrico e térmico.”
Para se ter uma ideia da gravidade do quadro, enquanto a temperatura no Brasil subiu até dois graus nos últimos 50 anos, em Araripina, Sertão do Araripe, foi registrado mais que o dobro. O problema ainda é mais preocupante porque, à medida que as máximas aumentam, as mínimas diminuem. “Essa é uma característica de áreas desérticas e indica que o semiárido pode passar a ser árido”, alerta. O desmatamento, associado ao aquecimento global, estaria acelerando o processo de desertificação.
Depois de analisar séries históricas, ela usou modelos e métodos estatísticos, recomendados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), para entender o que está ocorrendo. As conclusões foram assustadoras. A temperatura está aumentando em todo o Estado, enquanto as chuvas e a umidade do solo diminuem. “Até a década de 60, as precipitações eram bem distribuídas e o período chuvoso mais definido. Agora, temos chuvas concentradas em alguns dias e o aumento dos dias secos na estação chuvosa”, explica Francis Lacerda. “Isso ocorre tanto no Sertão quanto em outras regiões e bacias hidrográficas, incluindo a do Rio Capibaribe.fonte”pe noticias.

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