quinta-feira, 30 de março de 2017

Mulher é resgatada depois de 16 anos em cárcere privado

Mulher foi mantida pelo irmão em um cômodo de 3x3 metros em Uruburetama
                                   Mulher foi mantida pelo irmão em um cômodo de 3x3 metros em Uruburetama 

A Polícia Civil do Ceará prendeu nesta terça-feira (28) um homem acusado de manter --por ordem do pai-- a irmã em cárcere privado por 16 anos. A mulher de 36. A mulher de 36 anos foi libertada no dia 9 de março e está sob tutela de uma família, recuperando-se do trauma.

 Segundo Harley Filho, delegado regional de Itapipoca, o caso ocorreu em  Uruburetama (a 114 km de Fortaleza) e a mulher foi mantida todo esse tempo em um cômodo de 3x3 metros, sem iluminação e ventilação precária.

"Recebemos uma denúncia anônima no dia 8 de março, de que havia uma mulher em cárcere privado há seis anos. Fizemos levantamentos e, no dia seguinte, identificamos a casa onde ela estava", conta.

 
Para chegar até o local, foi necessário arrombar quatro cadeados. A casa estava em um terreno com outras duas pequenas casas. Havia proteção de portas e portões. "Quando chegamos, ela estava despida e cheia de fezes, e a única atitude dela foi abrir os braços, como que pedindo socorro", afirmou.

O delegado disse que, quando houve o resgate, a mulher não conseguiu falar nem escrever e apresentava sinais de desnutrição. Por conta disso, não há detalhes sobre as condições em que ela vivia. "Tem uma família que a acolheu e, aos poucos, ela já está falando. Estamos esperando que ela se restabeleça para entrevistar", afirmou.

Gravidez não aceita

Em depoimento, o irmão suspeito do crime explicou ao delegado o que teria motivado o crime. "Ela tinha uma vida normal, teve um relacionamento e, depois do término da relação, teria apresentado distúrbios mentais, teve outra relação e engravidou. Os familiares não aceitaram e para evitar outras gestações, a mantiveram no cárcere", afirmou o parente, segundo o delegado.

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O irmão da vítima detido é João de Almeida Braga, 48. Ele contou que a mulher foi mantida em cárcere desde a gestação e, ao nascer, o filho foi entregue para adoção.

Segundo o delegado, o irmão assumiu o cárcere após o pai perder as condições físicas. A mãe da mulher nunca teria admitido o cárcere, mas nunca denunciou o caso. "Ela tem um péssimo convívio com o marido, ficou debilitada e adoeceu junto com a filha", diz, citando que a ordem foi do pai, que também está debilitado e não foi preso.

João Braga ainda não tem defensor público no caso. A pena para o crime é de dois a oito anos, se não houver agravantes.

Por Emanoela Campelo de Melo

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