As contratações ocorreram em 2010, um esforço coletivo: prefeituras e entidades civis cuidariam dos terrenos, o Estado dos projetos e a CEF do dinheiro e fiscalização.
O presidente da Cehab, Flávio Figueiredo, alega que no aspecto financeiro o programa era “muito apertado”. No início, conta, eram moradias isoladas construídas pelo próprio beneficiado e assistência técnica. A Caixa pagaria de R$ 6 mil a R$ 8 mil pelo material de construção e o Estado, de R$ 2 a R$ 4 mil.
Mas os terrenos cadastrados, em encostas e regiões sujeitas a alagamentos, eram inapropriados, alega Flávio. O foco então mudou para grandes habitacionais. Nessa etapa, diz o presidente, as prefeituras não conseguiram os terrenos, que precisavam ser maiores, e submetidos a exigências mais rígidas da Caixa Econômica. Sem área, os projetos não andaram e o que havia começado parou.
“Nessa etapa, tentamos buscar soluções que seriam aportar mais recursos do Estado para completar as casas, uma vez que os programas do governo federal não permitem a correção dos valores conveniados. Você contrata e o que passar o reajuste, tem que ser pelo Estado, como se não existisse inflação para o governo federal”, afirma.
Os cadastrados começaram a processar a Caixa: amarrados ao programa eram proibidos de tomar empréstimos e de cadastro em novos programas habitacionais. Pressionada, a Cehab rescindiu os contratos com as famílias e hoje tenta concluir 832 casas inacabadas.
“Politicamente, você imagina o que é chamar os prefeitos e dizer: ‘aquelas casas, que o senhor anunciou, não vão poder ser feitas porque o senhor não arrumou terreno, porque o governo federal não atualiza, não faz a correção dos recursos’. Foi difícil politicamente para a gente. Mas são decisões que precisam ser tomadas”, afirma.
A Caixa Econômica Federal (CEF) deposita na conta da Cehab o fracasso do programa Operações Coletivas. Por coincidência, em 2014 a Cehab registra sua pior execução de obras em cinco anos, diante de um Estado com um déficit habitacional de 230 mil moradias.
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